segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Espelho

Espelho,
quando eu era um menino assustado
eu sempre quis estar do outro lado
onde eu me sentiria protegido
vendo tudo sem ser percebido.
Seu outro lado era meu sossego
pra onde eu me transportava
deixando para trás os meus fantasmas
os meus medos,
fazendo minhas melhores viagens.
Espelho,
velho amigo e aliado
por tudo isso devo confessar,
não sou mais um menino assustado,
mas ainda hoje eu não me sinto
confortável do lado de cá.



Ubá, 13/12/2012

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Será que vai chover?

Será que vai chover?
Iriri, Búzios, Ubá,
Será que vai chover?
Um garotão de 36 anos,
será que vai chover?
Minha mãe na cozinha
me esperando pra almoçar,
será que vai chover?
Quando eu era criança
eu olhava no espelho,
eu queria sempre estar
do outro lado,
será que vai chover?
Eu dei uma rosa roubada
pra uma morena de Ubá,
será que vai chover?
Janeiro, fevereiro, março
o ano inteiro,
será que vai chover?
Almoço, jantar,
Minas Gerais,
um buraco, um vazio,
o Brasil
não existe.
Será que vai chover?
Desesperado blues,
a língua portuguesa,
a língua porto-gueto,
será que vai chover?
Kim Bassinger
Marlon Brando
Jimmy Page
Rolling Stones
a guerra é nossa,
só nossa.
Os dentes podres
a cara, a coroa,
o carro do ano,
será que vai chover?
Meu pai comeu poeira,
toda poeira de Minas Gerais,
será que vai chover?
Janeiro, fevereiro e março,
e pra você, um abraço!

Juiz de Fora, 29/01/1991

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Minas meninas

Versos escritos para as minas meninas "Tica e Missbella"-
Minas meninas estão por toda parte
menina, qual é sua cidade
sob que céu você se abriga
qual é o sol que te arde?
Mesmo que você não diga,
eu sei,
minas meninas estão
por toda parte
e eu, em plena viagem
lençol de estrelas,
baile perfumado,
mil imagens,
quero saber
qual é sua cidade
sua rua
o motor da sua saudade.
Mesmo que você não diga,
eu sei,
minas meninas estão por toda parte,
na boca da noite,
num beijo na lua. 

Ubá, novembro/2011

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Amor e ódio

Eu faço um poema,
eu escuto uma canção,
Nunca entro em cena,
Meu nome é solidão.
Fico exatamente no meio
entre Deus e o diabo.
E ao fim e ao cabo,
sou apenas o patinho feio,
e eu me acabo,
mas não abaixo a cabeça.
Perco amigo, mulher,
mas me esqueça,
se não posso ser
o que eu quiser,
pois meu lugar,
entre Deus e o diabo,
é meu pódio e eu digo,
meu coração é cheio de amor e ódio,
e com o olhar,
duro de doer,
respiro o ar impuro
que emana do humano ser.

Ubá, 24/08/2008.